quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Segredos e tesouros

Oi, gente boa! Estamos de volta! Acharam que eu tinha me esquecido de atualizar este blog? De forma alguma! Mas é que, com o feriado, precisei resolver e organizar algumas questões na vida pessoal e na profissional... Daí, a atualização veio atrasada... mas veio!

E veio com força total! Hoje eu trago a vocês um conto simplesmente fenomenal! O impacto que ele me causou foi forte e eu quero muito compartilhar essas impressões com quem acompanha o blog!

Como eu já havia adiantado a vocês, o conto que transcrevo abaixo me foi entregue por uma aluna no final da aula. Veio dobradinho em folha de caderno, como um segredo a ser passado de modo discreto.

Eu acredito que segredos precisam ser compartilhados assim, com todo um ar de importância, como se de um pequeno grande tesouro se tratasse. Afinal, segredos são como delicados presentes que não entregamos a qualquer um. Escolhemos bem o destinatário; aquele que saberá valorizar o que temos a dizer, compreendendo o peso dessas palavras...

A literatura me faz, muitas vezes, sentir que sou portadora de muitos segredos que chegaram até mim das mais diversas formas. Toda história, romance, crônica, conto, poema é uma espécie de segredo. É, de alguma forma, um pedaço daquele artista que ele escolheu compartilhar com seu leitor... e, assim como ocorre com uma pessoa que acaba de ouvir um segredo, eu me sinto mais próxima do escritor que optou por se expressar desta ou daquela maneira.

Com este blog, algo semelhante vem ocorrendo... A cada texto que posto aqui, eu sinto que descubro um pouco mais desses alunos e ex-alunos, como se uma nova faceta se revelasse e eu ficasse subitamente sem reação diante de tanto talento! Sim, desde que me propus a divulgar esses textos, eu imaginava que me depararia com obras incríveis, mas minhas expectativas estão sendo muito superadas!

A aluna Bia Eira me trouxe esse conto assim, de forma tão natural e despretensiosa, como se apenas quisesse me mostrar um texto por ela escrito. Porém, não foi apenas isso o que aconteceu. O que ela me mostrou foi um mundo inteiro construído em poucas linhas. Uma narrativa tão envolvente, que tão rapidamente capta nossa atenção e nos torna testemunhas de sentimentos, relações, afetos que até segundos atrás desconhecíamos inteiramente. E, de repente, aqueles personagens se tornam importantes para nós. De repente, eles fazem parte da nossa vivência. De repente, somos capazes de nos sentir parte daquela história, como testemunhas ocultas de algo muito importante... Mas, como ocorre quando um segredo tão especial nos é aos poucos revelado, não ousamos falar, nem nos manifestar; somente acompanhamos, quase nos esquecendo de respirar, aonde a hábil narrativa nos levar...

Tentei aqui mostrar um pouco das sensações que esse conto da Bia me trouxe. Contudo, o melhor que faço aqui é deixar que essas tão bem traçadas linhas falem por si só.

Mergulhem:


“Alle Welt estava exausta. Tudo que ela queria era se jogar em sua cama e dormir até o dia seguinte. Mas ainda tinha aquela maldita festa.

Era aniversário de seu irmão mais novo, e ele daria uma festa para comemorar. Alle sabia que a queria lá, mas ela estava tão cansada. Não faria mal se ela não fosse, não é? Ela poderia ir no ano seguinte de qualquer forma.

A garota tinha gostado da ideia, mas seus planos mudaram assim que ela entrou no quarto e encontrou alguém lá.

— Alle Welt.— o homem disse com a voz rouca, mas potente.

— Quem é você?— Alle perguntou assustada.

O homem a sua frente parecia jovem, com cabelos negros que contrastavam com a pele pálida, seus olhos eram escuros como buracos negros, e ele vestia uma túnica estilo Grécia Antiga, também negra.

— Quem sou eu?— ele repetiu, parecendo ponderar sobre a pergunta.— Eu sou o começo, o fim e o meio. Seu maior desejo e seu inimigo. Um corredor que nunca para. Eterno e finito. Quem eu sou?

Alle arqueou a sobrancelha em confusão. Aquilo era algum tipo de charada? Como ele tinha entrado ali? Eram tantas perguntas.

— Muito poético.— a garota disse.— O que faz aqui?

— Estou aqui porque você não deveria estar.— o homem estranho respondeu.

Alle deu um passo para trás assustada. Como ele poderia saber sobre a festa?

— Sei de muitas coisas, Alle Welt.— o homem disse como se lesse a mente da garota.

— O que você quer?— Alle perguntou, agradecendo por sua voz não ter falhado.

— Você acha que pode deixar tudo para depois.— ele disse se aproximando.— Vim te mostrar que está errada.

Alle queria perguntar o que aquilo queria dizer, mas não teve tempo. O homem ergueu um de seus dedos e tocou o ponto entre os olhos da garota.

O quarto começou a girar, cada vez mais rápido até se transformar em nada além de um borrão. Alle sentiu o chão desaparecer sob seus pés, mas não começou a cair. Tudo que ela podia ver e sentir era o homem estranho que ainda tocava o ponto entre seus olhos.

Quando seus pés voltaram a tocar o chão, Alle não estava mais em seu quarto. Estava em um cemitério.

Ela olhou ao redor, tentando entender o que tinha acontecido, e a lápide a sua frente chamou sua atenção.

A data de morte era alguns meses depois do dia da festa, e o nome era o do irmão de Alle.

A garota sentiu um bolo em sua garganta, lágrimas em seus olhos. Naquele momento ela nem se importou em como tinha chegado ali ou em quão impossíveis aquilo era. Alguma coisa lhe dizia que aquilo era real.

— O que aconteceu?— ela perguntou com a voz embargada.

— Não foi de doença.— o homem respondeu.— Nem acidente.

Aquilo foi como uma faca invisível enfiada no coração de Alle.

Ela se virou para o homem, sua visão turvada pelas lágrimas.

— P- por q- que?

O homem não respondeu, apenas tocou novamente o ponto entre os olhos da garota, e tudo girou mais uma vez.

Quando parou, Alle se viu no quintal da casa de seus pais, onde acontecia a festa de seu irmão. Ninguém parecia reparar nela ou no homem estranho, apenas continuavam conversando normalmente.

Alle viu seu irmão junto de seus pais. Os cabelos dele estavam mais longos que ela se lembrava, chegando a cobrir os olhos. Ele usava um moletom preto, apesar do clima quente, de forma a cobrir seus braços.

— Ela não vem.— ele disse aos pais.— Nem sei porque eu esperava algo diferente.

Então ele se levantou e entrou dentro da casa.

— Eu não entendo…— Alle disse com a voz fraca.

— Quando foi a última vez que você falou de verdade com ele?— o homem estranho perguntou.— Quando foi a última vez que você mostrou que se importava? Que perguntou como ele estava? Se precisava conversar ou qualquer outra coisa?

— Me leva de volta.— Alle pediu chorando.

O homem assentiu, e a garota se viu novamente em seu quarto.

— Eu não vou parar de correr, Alle Welt.— ele alertou.— Pense nisso.

Então ele desapareceu, e Alle começou a correr. Ela não tinha tempo a perder.

Porque ele corria também.”

 

Que conto fantástico... Literalmente...

E, ao mesmo tempo... Tão real. Tão visceralmente verdadeiro, concreto, de uma realidade tão palpável que dói.

O que me fascinou nesse conto é que, habilmente, a Bia consegue dizer muito mais por meio do que ela não diz. O que está nas entrelinhas é o que mais importa. Com direcionamentos bem elaborados, ela nos leva exatamente aonde quer chegar. E, quando chegamos, sentimos o impacto.

Brutal? Necessário?

O fato é que, assim como ocorre com os segredos que são compartilhados conosco, é de grande importância sabermos agir com responsabilidade acerca daquilo que nos é revelado.

Um papel tão importante da literatura, como eu já falei na postagem anterior, é o de levantar reflexões, tecer críticas... incomodar. Nem sempre a leitura vem para o puro entretenimento. Às vezes, precisamos ler porque necessitamos nos deparar com realidades das quais fugimos. Os livros são muito úteis nesse sentido. Em meio a uma leitura instigante, somos às vezes submetidos a um confronto inesperado e preciso. Vários escritores souberam compartilhar suas visões críticas, reflexões preocupadas, pensamentos filosóficos sobre os mais inúmero assuntos... E a Bia segue aqui o mesmo caminho já trilhado por gigantes da nossa literatura... e cumpre magistralmente sua tarefa.

Cabe a seus leitores realizarem sua parte. Refletir, absorvendo devidamente cada palavra. Lendo com o cuidado e a delicadeza que esse conto nos pede. Percebendo que a Bia colocou cada palavrinha em um lugar muito específico, não sem antes ponderar bem. Por exemplo, no trecho: “Eu sou o começo, o fim e o meio. Seu maior desejo e seu inimigo. Um corredor que nunca para. Eterno e finito. Quem eu sou?”, a Bia nos deixou material para ser lido e relido algumas vezes antes de chegarmos à conclusão de que entendemos bem o que ela queria dizer. Não tenham pressa, saboreiem cada frase, cada construção tão devidamente encaixada. Perguntem-se: Por que ela escreveu “Eu sou o começo, o fim e o meio”, em vez do clássico ‘começo, meio e fim’?

Gente, nada é por acaso...

E eu não vou antecipar respostas, até porque muito do prazer da leitura se descobre sozinho. Posso, nesse caso, apontar algumas direções de possíveis leituras... Mas o caminho vocês devem percorrer por conta própria.

Acreditem. Vale muito a pena.

E não deixem para descobrir esse prazer algum dia, futuramente. O momento é agora. Afinal, como a Bia deixou bem claro ao fim do conto, não temos tempo a perder. Porque o tempo...

Ele corre.

 

Muito obrigada por uma leitura tão incrível, com reflexões tão importantes e com um jogo de palavras tão instigante, Bia!!! 💖

Quem quiser conhecer mais dessa fantástica escritora, sigam sua conta no Instagram:

@contosaleatorios12

 

Por hoje é só, pessoas!! 💁

Próxima postagem trarei a vocês os escritos de uma aluna queridíssima, presença constante no meu Clube da Leitura... Não percam!! 😄👏

E não se esqueçam, queridos alunos e ex-alunos! Têm textos para me mostrar? Compartilhem comigo! Mandem mensagem em privado e vamos conversar! Vou adorar divulgar o que escrevem! É só me procurar lá no Instagram: @camilla.yoshico

Fico por aqui!! 💟

Beijo grande, gente! 😘

Até a próxima! 👍

 

domingo, 3 de outubro de 2021

Uma autora e suas essências

 Tudo começou quando, algumas semanas atrás, em uma tarde como outra qualquer, Marília veio até o meu plantão e disse que gostaria de me mostrar uma redação que estava escrevendo. As questões que ela trazia sobre o texto eram relacionadas a aspectos mais literários e eu logo me demonstrei interessada no que ela tinha para apresentar.

A redação ainda não estava concluída, justamente porque a Marília tinha dúvidas sobre os caminhos a seguir. Comecei a ler e rapidamente me senti capturada pela narrativa que trazia mistérios não propriamente na história, mas no uso inteligente e cheio de possibilidades que ela esmiuçava. Por trás da narrativa aparente havia outra, latente. E isso me motivou a querer concluir a leitura logo, para saber aonde todas aquelas palavras poderiam me levar...

Porém, o texto não estava finalizado. Marília me explicou que as possibilidades que eu enxerguei não eram aleatórias; ela realmente estava plantando esses diversos caminhos que, por mais que abrissem novos rumos, terminavam por, de certa forma, desembocar em uma mesma ideia. Tudo muito bem construído, bem amarrado. Achei interessante, disse a ela que gostaria de ver o texto concluído e elogiei sua escrita.

Entretanto, eu ainda não li o final dessa história (mas gostaria muito de ver algum dia, viu, Marília?😆). O que ocorreu, por outro lado, foi ainda mais empolgante. A Marília começou a me mostrar um lado seu que, verdade seja dita, não me surpreendeu, porque era simplesmente natural seu potencial como escritora. Mas me deixou muito feliz que ela passasse a compartilhar seus versos e poemas comigo, permitindo que eu tomasse conhecimento real das dimensões que essa garota, tão jovem, já é capaz de alcançar em meio às letras.

Aliás, é importante ressaltar como seus versos demonstram sua familiaridade com as palavras. Marília se sente muito à vontade com elas. E isso se reflete em sua forma de escrever, em seu estilo, que já se delineia bem no que tem a dizer.

Por sinal, um detalhe interessante. Quem lê os poemas da Marília pode perceber que existem ali outros autores. Marília, às vezes, dá espaço a outros escritores que, segundo ela, habitam sua essência escritora. Algo como... os heterônimos de Fernando Pessoa? Quem sabe?

Aqui, transcrevo os versos de um poema que a própria Marília selecionou para que eu publicasse neste blog. Ela me disse que, neste caso, a autora é ela mesma, em sua própria essência criativa:

 

“Com licença, meu senhor!
Será que posso roubar
um pouco desse esplendor
com notícias de um Brasil
sem amor?

Por favor, meu senhor!
Será que posso pegar emprestado
de um velho soldado,
não o fuzil,
mas os tempos de sonhos
de um esquecido Brasil?

Dá licença, meu senhor!
Será que posso pegar emprestado
o medo escancarado
de um povo assustado,
com medo de ser calado?

Quero pegar emprestado
as fobias e mágoas
e transformá-las em
calçados surrados
amarrados em postes
quase tombados.

Quero transformar os sapatos
em alguns relatos
de anonimatos
sobre maus-tratos.

Quero transformar o abuso
em algo não tão difuso,
em algo muito excluso
e não algo que herdamos dos lusos.

Quero transformar
os choros de fome
daqueles que já a tem
como sobrenome
em choros de notas,
não em choros de covas.


- M. N. N.

 

Uma das funções da Literatura é a de denunciar, fazer críticas sociais, possibilitar reflexões. Devido a essa função, acredito ser válido que o óbvio seja tornado óbvio para que não restem dúvidas quanto ao se que se deve dizer; porém, nada impede alguns jogos de palavras, significados a mais, algumas ideias nas entrelinhas... isso também enriquece o texto, desafia seu leitor.

Aqui, a Marília (em um estilo diferente de um outro escritor que habita nela e que aparece com frequência na sua página de poesia do Instagram) é bem direta dentro de suas intenções, apontando para a situação crítica de um país necessitado de atenção.

Nesse poema, seus versos conseguem trazer ritmo poético a falas que permeiam noticiários, representando angústias, clamores...

Contudo, quando se lê:

“Quero pegar emprestado
as fobias e mágoas
e transformá-las em
calçados surrados
amarrados em postes
quase tombados.

Marília volta a provocar seus leitores, desafiando-os.

Como assim, transformar fobias e mágoas em “calçados surrados amarrados em postes"?

Nesse momento, uma imagem logo me vem à mente.

É comum ver, em grandes cidades, pares de tênis jogados sobre os fios de alta tensão, amarrados e largados ali.

Definitivamente, esses versos podem nem estar fazendo alusão a isso. Mesmo assim, por terem se tornado imediatamente a imagem em que essas palavras se materializaram para mim, ficou difícil me desvencilhar dela.

E não acho que isso faça muita diferença. Até consigo perceber outras nuances, possíveis novas leituras a partir de alguns outros significados também plausíveis. No entanto, vou aqui me ater apenas a essa primeira leitura que fiz, porque foi muito poderosa para mim e causou-me esse impacto que, neste blog, é o que mais gosto de compartilhar. Mas, creio que valha destacar que, mesmo dentro dessas outras leituras que também consegui fazer, o sentido geral do texto não se modifica. Eis a beleza da literatura.

Para mim, o que me gerou essa sensação de espanto mesclada com admiração foi ler essa alusão aos calçados amarrados e jogados sobre esses fios e postes e saber que esses calçados, nesse estado, têm muito mais significado do que muita gente pensa. Por ser um hábito muito comum em vários países, há estudos sobre o símbolo por trás desse gesto (de atirar calçados sobre os postes) e, dentre tantos, há os de servirem para demarcar territórios e servirem como ameaça... assim como também podem representar o bullying.

É como se, após retratar a situação crítica em que tantos se encontram, o eu lírico do texto deseje traçar uma linha, um limite, como um basta, como se demarcasse até onde é possível suportar tudo isso.

Então, na estrofe seguinte, lê-se:


“Quero transformar os sapatos

em alguns relatos
de anonimatos
sobre maus-tratos.

Aqui, cabe tão bem o sentido de perseguição e covardia, também relacionado aos tênis jogados sobre os postes, que eu dificilmente consegui dar atenção a outra leituras aí também inseridas.

Mas é claro que a interpretação mais abrangente é bem-vinda, como nos versos:


“Quero transformar o abuso

em algo não tão difuso,
em algo muito excluso
e não algo que herdamos dos lusos.

Estamos falando de abusos, maus-tratos, injustiças que vão muito além do apenas óbvio. Abrangendo possibilidades, o eu lírico apresenta sua meta: que o abuso não seja tão vago, pois embora ele possa englobar essas possibilidades aqui no texto, na vida real ele deve ser encarado com objetividade, para que enfim seja excluído e deixado de fora das marcas antes delimitadas.

Por fim, em um trocadilho simples e, por isso mesmo, eficaz e impactante, o eu lírico afirma:

“Quero transformar
os choros de fome
daqueles que já a têm
como sobrenome
em choros de notas,
não em choros de covas.


O choro que se deseja ouvir deve ser apenas aquele carregado por notas musicais (o chorinho), e não o que é marcado por dor, pranto e lágrimas. Não o choro que marca a fome, que se torna mais característico do que o próprio sobrenome dessas pessoas famintas. Não o choro que se derrama apenas para marcar o fim. É preciso transformar, mudar. É fazer da poesia, ponte. E Marília está traçando aqui belíssima travessia!

 

Obrigada pelas palavras, pela reflexão e pela inspiração, Marília!!💓

 

Conheçam mais da poesia dessa incrível escritora! Ela tem uma página no Instagram direcionada a publicação de seus versos! Acompanhem; vale muito a pena!!! 😍

@marilia_2005

 

E eu sigo por aqui, firme e forte! Na próxima postagem, vou falar a respeito de um conto excepcional, que uma aluna me entregou em sala de aula, escrito em folha de caderno, dobradinho, quase como um segredo. Somente pude lê-lo depois... E que maravilhosa surpresa! Não percam... Vocês vão se maravilhar também!!

Fico por aqui, gente! Mas deixo o lembrete a alunos e ex-alunos: tem algum texto literário que queira me mostrar? É só entrar em contato! Manda uma mensagem privada pelo meu Instagram: @camilla.yoshico

Aguardo vocês!! 😘